Parca meia dúzia de gatos pingados (chovia) compareceu ao enterro de Bentinho, vulgo Dom Casmurro. Criatura ensimesmada, carrancuda e mal-humorada, era sócio remido da tribo dos Sorumbáticos e membro vitalício da academia dos Macambúzios.
Um professor hábil deve seguir carreira diametralmente oposta à do triste Dom Casmurro. Como dizia o anúncio da Brahma: “Mau humor faz mal à saúde.” E a um relacionamento interpessoal sadio também. Uma pitada – talvez até uma boa dose – de bom humor deve ser ingrediente indispensável para uma aula bem sucedida e agradável.
Todos se sentem mais à vontade numa sala de aula onde o professor sabe apreciar – e rir de – uma brincadeira oportuna, mesmo quando o assunto da aula é sério e principalmente quando a segunda-feira é fria e chuvosa.
O humor é uma das mais democráticas manifestações humanas. Quando uma sala de aula ri em uníssono, desaparecem, como por mágica, todas as cercas sociais e muros psicológicos que separam alunos e professores: não mais mestres e discípulos, sábios e ignorantes, sacerdotes do saber e fiéis devotos, ricos e pobres, jovens e velhos, homens e mulheres – apenas seres humanos se divertindo juntos.
O professor, ao injetar humor oportuno e sadio em suas aulas, abre no espírito de seus alunos brechas por onde maravilhas escapam: motivação, prazer de aprender, criatividade, companheirismo, alegria e muitas outras; pois o humor desmistifica todas as coisas e as escolas, em grande parte, sofrem por estarem entronizadas e isoladas. O humor escancara as portas que aos comodistas e complacentes aprazeria continuarem trancadas, cobertas de pó e teias de aranha. O humor ventila o ar viciado do formalismo, do academicismo e do pensamento abafado.
Sem humor não há solução. Professor, ria para e com os alunos; sua tarefa, e a deles, se tornará mais prazerosa e produtiva – e isso não é brincadeira. Quem ri, ri melhor.